O Evangelho do XXVIII Domingo, do ano B, faz-nos pensar: Um homem vai a correr ter com Jesus, prostra-se diante d ´Ele e pergunta-lhe: “Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida Eterna?”
De imediato esta descrição parece que nos indica que o Homem tinha fé, vinha cheio de boa vontade e de boas intenções. Continuando a ler o texto, vê-se, ainda, que era um homem honesto e que cumpria bem os mandamentos do Senhor.
Depois é muito bonito o que o texto diz: “Jesus olhou-o com amor e simpatia”. Podemos pensar que esse olhar de Jesus devia ter sido notório, porque se não, Marcos, não o referia.
Mas a expressão sorridente e atenta do homem, muda totalmente, quando Jesus lhe diz: “Falta-te uma coisa: Vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres e depois vem e segue-Me”. Como não gostou da exigência e radicalidade que Jesus lhe propôs, como o caminho para chegar à felicidade plena, foi-se embora triste.
Imaginando o que teria sido depois desse momento, a vida desse homem, só o posso ver e sentir como um homem infeliz, triste, com uma consciência pesada e com tudo o que daí deriva. Faz, ainda pensar, como nalguns casos, o apego aos bens materiais, à carreira profissional, aos sonhos pessoais, se tornam uma verdadeira prisão, um verdadeiro ídolo, que nos tira a liberdade, a felicidade. E para quê esse apego, se isso não nos faz felizes nesta terra, onde temos uma vida tão curta, e impede-nos a felicidade e a alegria plena na vida eterna, que o homem parecia andar á procura?
Qualquer mês tem a sua beleza, pois todos eles nos trazem o DOM do tempo que Deus nos oferece, assim como trazem traços diferentes da Criação. Mas, por uma razão, ou por outra, há sempre alguns de que gostamos mais, não é?
O Bom “sabor” deste mês de Outubro, para mim, vem-lhe do facto de ser o escolhido para ser o mês Missionário, oportunidade para nós, cristãos, nos abrirmos aos outros, ao mundo, com o desejo, empenho e preocupação .de que o Reino de Deus esteja cada dia mais solidificado e de nos lembrarmos que, ou somos Missionários, ou não somos cristãos.
Depois é o mês do Rosário. Rezando e vivendo o Rosário, aprendemos, com Maria a contemplar, a conhecer, a amar a Vida de Jesus. Ela que acompanhou e viveu com Ele, mesmo antes de nascer, até depois da Sua Ressurreição, tem tantos “segredos, tantas surpresas e experiências” para nos contar e partilhar! E a oração do terço é um excelente momento para essa partilha.… A oração do Rosário, como que nos oferece, também, uma excelente oportunidade para irmos como que tecendo uma coroa de rosas, para oferecer a Maria e um meio excelente para vivermos a nossa vocação missionária.
Até a beleza, a serenidade, o bom clima que a Natureza nos oferece neste mês de Outono, nos ajuda a gostar dele.
Finalmente convido-vos a olhar e a interpretar cada uma das três palavras que compõem o nosso Nome: MISSIONÁRIAS! DOMINICANAS! ROSÁRIO! Congregação que nasce, a 5 de outubro de 1918! Como poderíamos não ter o mês de outubro no coração?
O Evangelho de hoje diz-nos que Jesus passou junto à banca onde Mateus se encontrava e disse-lhe: “SEGUE-ME”, e ele deixou tudo e seguiu Jesu. Há muito que me interrogo, porque há, nos nossos tempos, tão poucos Jovens e pessoas que decidam seguir Jesus na vida Consagrada? Parece que a capacidade de Jesus em atrair, arrastar e entusiasmar, perdeu força! Olhando hoje o mundo dos Jovens e olhando o mundo dos Consagrados, milhentas perguntas e respostas me vêm à cabeça, e fico com a certeza que a falta está deste lado. É de facto uma grande e importante questão!.
Claro que o apaixonamento por Jesus, condição indispensável para alguém se entregar a Ele total e para sempre, só Ele no-lo pode dar. Penso, porém, que podemos ajudar as pessoas a compreender. Podemos dizer-lhes que cada um/a deve seguir o chamamento que Deus lhe faz, pois qualquer vocação é boa, é muito querida e amada por Deus e em qualquer uma, temos Santos extraordinários. Todas são muito necessárias pois cada vocação reflete e expressa facetas diversas da riqueza e grandeza de Deus. Daí, e por isso mesmo, o ser hoje muito necessário, também, quem expresse, testemunhe, simbolize, com a sua palavra e , sobretudo, com a sua vida, que Deus é mesmo o ABSOLUTO, o ÚNICO, o TUDO das nossas vidas, que merece a nossa entrega total e sem limites. Que a alegria é a beleza da Vida Consagrada! Podemos dizer, ainda, que a vida consagrada é, o sinal, a imagem, ainda que imperfeita, dum estilo do Amor de Deus, e daquilo que será a vida no ALÉM! E isto só a Vida Consagrada o pode expressar com maior clareza! Não acham, que este testemunho, faz muita falta hoje?
A pastoral Juvenil é uma das prioridades do Plano Pastoral do Patriarcado, para este ano que agora se inicia. Também se aproximam as Jornadas Mundiais da Juventude, a realizar em Lisboa em 2023! Enquadra-se bem, por isso, que hoje apresente o Jovem CARLO ACUTI, italiano, que morreu aos quinze anos, com um cancro fulminante. É impressionante como é que uma vida tão curta, pode ter tanta maturidade humana, espiritual, mística, missionária. Deus faz realmente maravilhas! Se puderem leiam a sua vida! Foi um jovem dos nossos dias, pois morreu em 2006, amante do Desporto, amigo dos amigos e com um enorme talento para o mundo da informática. Podia dizer-se que era um jovem, igual a qualquer jovem, não fosse ele um apaixonado pela Eucaristia. Passou a ir diariamente à Missa e sempre que podia passava muito tempo em adoração ao Santíssimo. Foi, por isso, um grande Missionário da Eucaristia e tentava que todos, a compreendessem e amassem. Era Missionário através da palavra, mas também com obras, sendo bom aluno, estando sempre atento aos que precisassem da sua ajuda, aos colegas que eram postos de lado, e aceitando com enorme fé e amor o sofrimento que a sua doença lhe causou…Esteve em vários Santuários ligados à Eucaristia ou a Nossa Senhora, e, entre eles, também em Fátima. Como me não posso alongar mais, menciono apenas dois pensamentos seus que me tocaram: Um: “Todos nascemos originais, mas muitos morremos como fotocópias”; Outro: “Devemos viver a vida a partir do fim”. Foi Beatificado em outubro de 2020, pelo Papa Francisco. Damos Graças a Deus, por tão belo testemunho
Estamos em Setembro, e com ele recomeçam muitas dimensões da nossa vida: a retoma do trabalho, escolas, catequese e pastoral, novos ciclos nos estudos e na vida profissional, retomam-se Projetos importantes, como, por exemplo, a continuação da preparação das Jornadas Mundiais da Juventude, que cada vez estão mais próximas, o já anunciado Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, que pretende envolver todos os cristãos e não só, etc.
Tudo isto faz com que sintamos que as “coisas mexem”, que há nova vida, que há desejos de se fazer mais e melhor, de se corrigir praticas do passado, menos positivas; fazem-se opções e programações, estabelecem-se objectivos, metas e escolhem-se meios; reorganiza-se e adapta-sea vida familiar, etc, etc. É, sem dúvida, um tempo em que se sente e vive o entusiasmo, a esperança, o esforço, a criatividade. É mais sincera a oração do pedido da Bênção de Deus, pois sabemos bem que precisamos muito dela. Tudo isto diz-nos que este recomeço, ou qualquer outro, é sempre um GRANDE DOM DE DEUS
A oração do Pai Nosso, única oração que Jesus nos ensinou, é sempre, sem dúvida, e em qualquer momento, uma oração muito especial. Até os contextos evangélicos em que Lucas, ou Mateus a situam, são muito interessantes.
Porém, no que a mim me toca, há dois momentos em que gosto especialmente de o rezar. O primeiro é na Missa. O facto de ser rezado quando Jesus se oferece ao Pai, em cada Eucaristia, mediante as Palavras: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Ti, Pai omnipotente, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a Glória…”, faz-me sempre olhar, e desejar esse momento último, escatológico, quando a salvação chegar à sua plenitude, quando Cristo se entregar nas Mãos do Pai e Ele for TUDO para Todos. Então aí o Pai Nosso (sobretudo a primeira parte) será já uma realidade. Assim, rezar nesse momento o Pai Nosso, sinto que nos leva a saborear, por antecipação, essa plenitude, esse IDEAL final e, ao mesmo tempo, como ainda estamos na terra e esse PROJETO está ainda tão longe de ser realidade, exige-me compromisso, empenho, para que MOMENTO ÚLTIMO, chegue depressa. Pode aplicar-se a célebre frase cheia de verdade: “Vivemos o Ja´, mas todavia não”!
O outro momento que, para mim, tem um gosto especial rezar o Pai nosso, é quando celebramos o DOM da VIDA, dia dos anos por exemplo!. Que sabor e verdade tão especiais é, nessas ocasiões, sentir que Deus é PAI, O Pai que me criou por Amor! Somente, por amor, pois Ele nem precisa de Mim! Pensou-me, desejou-me, ocupou-se, explicitamente de mim e deu-me, a mim, um Nome, uma Missão, únicas… E depois, saber que o mesmo aconteceu com este, com aquela, com cada um e cada uma, com todos…sinto, sem dúvida, que daqui nasce a grandeza e sentido da Fraternidade universal… OBRIGADO, Jesus, pelo DOM do Pai Nosso
Cheguei a Fátima, para aí passar uns dias, no dia 19 de agosto, dia em que Nossa Senhora apareceu nos Valinhos, e, por isso, decidi ir viver, por lá, essa tarde! E quantas graças dou a Deus, por isso. Fui seguindo a Via-Sacra, não toda, nem de maneira convencional, e até me foi dado viver aspectos diferentes. Ao chegar junto da imagem de Nossa Senhora dos Valinhos, como que me impressionei ao pensar que Maria tinha estado por ali, havia 104 anos!. Havia bastantes Grupitos que paravam, rezavam, permaneciam. Uns já regressavam, outros chegavam. Consoante subi até ao Clavário Húngaro, fui sentindo que toda aquela realidade era um verdadeiro símbolo, uma verdadeira amostra da Humanidade! Uma Humanidade que sofre e naqueles dias havia tanta, desgraça: terramoto no Haiti, seguido duma tempestade; chegada dos Talibãs a Cabul e aquelas multidões em fuga; fogos sem fim… Depois fui junto à Loca onde o Anjo deu a Comunhão aos Pastorinhos! Nesse momento e no meio dum silêncio que dizia mais que todas as palavras, pareceu-me ainda mais, que todo aquele conjunto era uma verdadeira síntese da caminhada cristã: subida, Calvário, sofrimento, mas Jesus caminha connosco (Via-Sacra); Maria está presente; e a Eucaristia, não podia faltar! Mas o que mais ainda me tocou foi a pergunta: porquê Deus escolheu e gosta de lugares como este para se revelar? Lugares de silêncio, afastados, de recônditos inóspitos (agora já não são tanto!), onde praticamente ninguém soube o que de grandioso, de maravilhoso e extraordinário aí se estava a passar, quando os factos aconteceram? Parecia-me que tinha semelhanças com o modo de nascer de Jesus! Mas porquê, meu Deus, porquê, este Teu gosto?
Há 3 dias Celebramos a Festa da Assunção de Nossa Senhora e pelas notícias e imagens que nos foram chegando, quase pelo País inteiro houve, nestes dias, Festas em honra de Nossa Senhora, sob as mais diversas invocações. Devido à pandemia, essas festividades ainda não puderam ter todo o brilho que antes tinham, mas já deu bem para sentir e saborear quanto MARIA está no coração e na cultura do Povo português. Oh não fosse Portugal a TERRA DE SANTA MARIA!
Todas as Festas e celebrações que façamos em Honra da Maria, são sempre muito pouco, ou quase nada, comparando e tendo em conta os Dons extraordinários com que Deus a culminou, a MISSÃO que Lhe confiou de ser a MÃE DE DEUS e Mãe de todos os Homens e a FESTA, por excelência, que o próprio Deus Lhe preparou, no dia em que A levou definitivamente, para junto d´Ele e de A ter colocado à Sua Direita, como diz a Liturgia. Será que conseguimos imaginar, um pouquinho que seja, quão maravilhosa terá sido a Festa da chegada de Maria ao Céu? E como terá Ela reagido perante essa receção, perante o ver a Deus cara a cara, perante o poder penetrar, em plenitude, no Mistério de Deus? Eu penso que a única maneira que Maria teve de expressar TUDO o que Lhe ia na alma, foi explodir toda a sua alegria e acção de graças num novo cântico do MAGNIFICAT. Teria cantado muitos ao longo da sua Vida, mas esse terá sido o Seu verdadeiro canto do MAGNIFICAT…E como Deus, no meio de toda essa FESTA, A proclamou Rainha do Céu e da Terra, Maria iniciou nesse momento a sua nova MISSÃO de cuidar de todos nós. Magnificat, é o, sem dúvida, também nos apetece cantar.
A semana passada, apresentei NUNZIO SULPRIZIO, o jovem que morreu com 19 anos, conhecido pelo SANTO QUE COXEAVA, cuja vida é impressionante. Hoje, apresento MARGARITA DE CITTÀ DI CASTELLO, italiana, que também teve uma vida muito dura e que o Papa Francisco comunicou há dias, ao Mestre Geral da Ordem Dominicana, a sua decisão de a canonizar. MARGARITA, foi uma leiga Dominicana, que morreu com 33 anos, no início do séc. XIV. A sua vida é impressionante e comovedora. Nasceu cega, com a coluna vertebral deformada, uma perna mais curta que a outra e uma malformação num braço. Os pais, que eram ricos, por vergonha, mantiveram-na primeiro escondida e isolada e depois abandonaram-na. Foi adotada por uma outra Família piedosa, pertencente à Família Dominicana. Apesar de todos os seus sofrimentos e limitações físicas múltiplas, passava todo o seu tempo ou em profunda oração, ou a cuidar dos doentes, moribundos, presos…
Trago estes dois testemunhos de Santos que souberam bem, o que é viver com deficiências físicas graves e ao mesmo tempo souberam viver na Fé e na Caridade muitos outros sofrimentos horríveis. Trago-os aqui, dizia, primeiro para a agradecer à nossa Mãe Igreja por os ter canonizado colocando-os à admiração e veneração de todo o povo de Deus, e depois para que eles nos ajudem a viver com amor todos os nossos sofrimentos e dores, de modo especial, a todos os que como eles, sofrem os efeitos de deficiências físicas e, em muitos casos, de maus tratos e abandonos.