Chegamos em Março, ao Centro das irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário. Tínhamos na mala uma grande vontade de ajudar, fazer alguma diferença, trazer algum amor. Não sabíamos o que iríamos encontrar. Mas ficamos sem palavras com o carinho e atenção com que nos receberam e acolheram. Este pequeno gesto de conforto e apoio deu-nos muita força para este desafio.
Estamos num projeto de apoio a mães seropositivas e temos ouvido muitas histórias de força e fé, mesmo quando a subsistência é uma luta diária. Com estas histórias percebemos como tantos problemas que existem nas sociedades mais desenvolvidas se tornam relativos. Para estas famílias, a alimentação não está garantida, por isso as irmãs tentam apoiar em bens de primeira necessidade. Mas seria necessário alargar esta ajuda a mais agregados.
O centro social Flori também pretende dar uma hipótese de Alfabetização a todos os membros da comunidade que o pretendam. Para além das “Mamãs” e “Papás” de mais idade, o equipamento é procurado por crianças que devido à sua idade avançada já não se conseguem inscrever no ensino estatal.
Ao contrário do que se verifica em Portugal onde existem escolas a fechar no interior do país devido à falta de alunos, em Moçambique o ensino não consegue ainda dar respostas ao elevado número de crianças. Nas escolas é comum que existam três turnos de aulas (manhã, tarde e noite) e mesmo assim não é possível dar resposta a todos.
Para além da vertente educativa, é possível também obter outras formações, como aprender a costurar. No passado, até foi criado um grupo que fabricava manteiga de amendoim e outro que se dedicava à construção de blocos de cimento.
Por estes motivos, todos no bairro conhecem o trabalho destas Irmãs e quase todos os dias aparece alguém a solicitar algum tipo de ajuda ou apenas para conversar sobre os problemas que os atormentam. Mas também para trazer boas notícias, como a semana passada em que uma “mamã” veio apresentar a sua bebé de dois meses a quem deu o nome de “Milagre”, fruto de um parto que teve vários problemas mas que acabou por terminar bem. Agradecida pelo apoio das Irmãs, a mãe vinha pedir que uma delas fosse a madrinha do bebé.
Nem sempre é possível obterem a ajuda desejada, mas pelo menos sabem que alguém as ouve. A porta das Irmãs nunca está fechada. Existe sempre a esperança que o dia de amanhã seja melhor.
Susana e Pedro