Resumir em poucas linhas a riqueza que tem significado para mim a viagem ao Congo e aos Camarões, não é fácil, mas vou tentar.
Lembro-me dum canto que cantávamos quando éramos jovens e que dizia algo assim como “somos cidadãos do mundo…” Pois bem, assim mesmo me senti eu, uma cidadã do mundo, uma cidadã sem fronteiras, uma peregrina a caminho. Uma peregrina caminhando junto a muitas outras peregrinas que decidiram partir ao deserto à procura duma terra mais fértil.
Partilhar todas juntas, preocupações, sonhos e esperanças nos tem ensanchado os horizontes e sobretudo o coração. Nos sentimos membros duma grande família que supera as fronteiras, os limites geográficos, as línguas… a família das Missionarias Dominicanas do Rosário espalhada pelo mundo inteiro ao serviço dos nossos irmãos mais necessitados.
Juntas descobrimos que vale a pena voar em “v”, como nos ensinam as aves migratórias, pois desta maneira, apoiando-nos e animando-nos umas às outras, a travessia pelo deserto será mais fácil.
Disponibilidade, itinerância, coragem…palavras que presidiram aos nossos encontros e que nos convidam a permanecer atentas aos gritos dos nossos povos, escutando o seu clamor e partilhando com eles os seus sofrimentos e as suas esperanças. Sentíamos que voltava a arder dentro de nós o convite: “Ide por todo o mundo e proclamar a boa noticia a toda criatura”(Mc, 16,15)
Assim fomos desafiadas a ver mais além do que vêem os nossos olhos como os Nossos Padres Fundadores que sonharam com uma nova terra e apostaram tudo por chegar a ela, apesar de todas as dificuldades que encontraram no caminho: “Vi um céu novo e uma terra nova” Ap 21,1.
Como eles fizeram, nós também devemos soltar amarras e partir, caminhando sempre adiante com a certeza de que nesta aventura não estamos sós, o Senhor está connosco e isso nos basta, pois colocando as nossas vidas nas suas mãos estamos seguras que Ele nos levará à terra que mana leite e mel.
E termino por aqui, igual que comecei, com o canto de “Somos cidadãos do mundo”:
“Comigo podes contar …e deixarei a minha bagagem a um lado para ter bem abertas as mãos e o coração cheio de sol”
Raquel Gil
Missionária Dominicana – Moçambique