Quando se vive em fidelidade, vive-se em mudança

Maio 10, 2014

Queridas Irmãs seguimos a nossa caminhada neste terceiro dia , refletindo sobre a Missão. O tema da Missão é fundamental, pois se da reestruturação não resulta uma maior energia missionária, algo não está bem. Toda a tentativa de restruturação se resume num maior ímpeto pela missão. No entanto, a missão está ameaçada, o sentido missionário está ameaçado! O ativismo “come” as pessoas e ofusca a criatividade.

 

A missão está inscrita no coração mesmo da vida consagrada, porque esta é, em si mesma, um carisma de significação! É sinal, é memória de Jesus. E, ser sinal,  é ser alternativa, é ser fermento da radicalidade. Acreditamos que Jesus está vivo, mas não  O vemos,  e a Igreja confia-nos a missão de Lhe dar visibilidade. Assim a vida faz-se missão e esta dá à vida um matiz de entrega, como o foi a vida de Jesus.

Quando a Fé atravessa o trabalho, este converte-se em missão. Não há fé, sem missão e não há missão sem fé. A palavra que convence é a que brota dum “encontro”: “Vimos o Senhor”!… O que mobiliza é a própria experiência de fé, que é a fonte que lhe dá sentido, pois não podemos calar, nem deixar de partilhar o que vimos e ouvimos! “Ai de mim se não evangelizar…”

Josune convidou-nos a contemplar a diferença entre trabalho e missão.

O trabalho: é escolhido por iniciativa própria e a pessoa é a protagonista. Exige-se profissionalismo e busca-se a recompensa: salário, prestígio…esperam-se resultados, as pessoas são divididas em categorias, tem-se um horário, um calendário, uma reforma, férias, pausas, dirige-se a usuários, pacientes, clientes…cansa e “queima”!

A Missão: vai-se por envio ( enviada por Jesus através da Igreja, da Congregação, da Comunidade). Somos instrumentos do Espírito, fazemo-la ao estilo de Jesus; a nossa tarefa é evangelizar (construir o Reino), não sempre com resultados, torna-nos iguais, unifica-nos numa missão única, em comunidade. Estamos sempre em missão, sem qualquer paragem. Os beneficiários são os irmãos e irmãs, filhos de Deus. Pode cansar, mas estimula a fidelidade e é um lugar teológico.

O desafio é “viver a missão comum na diversidade”, formando entre todas um só corpo, com um olhar contemplativo capaz de atravessar a casca da realidade, mantendo o primado da Vontade de Deus e vivendo com um perfil eucarístico, entregando a vida, como Jesus.

Concluímos os dois dias de reflexão, sublinhando as atitudes essenciais para viver a mudança como exigência de fidelidade: viver a vida como processo, manter uma fidelidade itinerante, com os olhos fixos em Jesus, sendo memória d´Ele, com um olhar positivo sobre o mundo, em abertura e diálogo com o diferente, assumindo o desafio de experimentar, pois viver de modo crente é viver mudando.

 Missionárias Dominicanas – Madrid

Assembleia Geral da Congregação