Fazendo Memória…
“Quem busca encontra, diz Jesus, procurai e achareis”.
Depois de muito procurar encontrámos em Belém (Lisboa), na rua Bartolomeu Dias, uma pequena casa que nos cederam as Irmãs Dominicanas Irlandesas do Bom Sucesso.
Dia 8 de Outubro de 1975 fomos residir nesta casa, as Irmãs, Maria Auxiliadora Hernández, Maria Natividad Fernández, Maria Vitória Saez e Rosário Granado. Já tínhamos casa!
O segundo passo foi procurar trabalho, contactámos Paróquias, Associações, Centros Sociais, Bairros e muito mais.
Falaram-nos da Pastoral dos Ciganos e entrámos em contacto com as suas orientadoras. Ficou contratada para esta actividade a Irmã Natividad que iniciou o seu trabalho num barracão junto da linha do combóio na entrada para o Bairro da Damaia.
Contactámos o Centro de Bem Estar da Paróquia da Amadora o qual contratou a Irmã Auxiliadora. Mais tarde foi também contratada a Irmã Rosário.
E começámos a trabalhar no Bairro das Fontainhas, junto das portas de Benfica.
Iniciámos com as visitas de conhecimento do Bairro e as visitas regulares às famílias do mesmo. Desde o primeiro momento fomos muito bem acolhidas e aceites. A Irmã Maria Vitoria, assistente social, observou que no Bairro não havia saneamento básico, nem água, nem electricidade. Era urgente debruçar-se sobre estas necessidades básicas. Formou-se a comissão de moradores e com ela entrámos em comunicação com as autoridades competentes: Junta de Freguesia de Venda Nova e Câmara de Oeiras, (porque ainda não existia a Câmara de Amadora). Poucos meses depois de residirmos em Belém veio formar parte da nossa comunidade a irmã Lurdes Pereira, foi mais uma carta importante neste “baralho”. Ela com os moradores e as autoridades que proporcionavam o material de construção construíram o barracão das Fontainhas e ali, a irmã Lourdes iniciou as aulas de ocupação dos tempos livres (OTL) para as crianças que frequentavam a escola primária, com a irmã Maria Auxiliadora e uma leiga.
A grande “porta” que se abriu foi o incêndio no Bairro, onde morreram 2 crianças e muita gente ficou sem barraca. Com autorização da Câmara começou-se a melhorar as barracas construindo-as em tijolo e cimento.
Pouco a pouco as pessoas iam despertando e iniciámos a Alfabetização de adultos, costura e bordados noutra barraquinha, também no Bairro das Fontainhas.
E… continuando a aprofundar cada vez mais as necessidades destes Bairros, sentimos cada dia maior a necessidade de a Comunidade das Irmãs residir no próprio Bairro. Encontrámos uma casinha, na beira da Estrada Militar, que estava à venda. Pensámos, esta, é a nossa hora de vir viver junto das pessoas com quem trabalhamos.
Falámos com a nossa Irmã provincial, ela logo aceitou, e contactámos a dona da casa, o processo de compra foi rápido.
Fomos viver para o Bairro no ano 1977.
A comunidade enriqueceu-se com mais uma irmã, Emília Rodrigues, educadora de Infância. Entretanto, ao lado da nossa casa, estava em construção uma rua de casinhas (as casinhas cor de rosa) para realojar as famílias que tinham perdido a sua barraca no incêndio das Fontainhas e na mesma Estrada Militar, construímos também o 1º Centro Social da Venda Nova (Damaia) onde iniciámos as actividades com as crianças da Creche.
Mais tarde, anos 80, construímos o Centro Social das Portas de Benfica onde se deu continuidade à Alfabetização, costura, tricô à mão etc.
A Evangelização directa esteve sempre presente desde a primeira hora, no primeiríssimo barracão das Fontainhas periodicamente celebrávamos a Eucaristia para o povo e administravam-se os Sacramentos da iniciação. Estava também organizada a Catequese para adultos e crianças
Estes foram os primeiros passos. As irmãs fundadoras pouco a pouco foram para outras Missões: Moçambique, Canha, Castelo Branco etc. A vida continua, outras irmãs dão sequência ao projecto inicial, porque Deus vai sempre à nossa frente e não falta à sua promessa.
Irmã Rosário Granado
Quem continua a contar a história?