Penso que nenhuma de nós esquecerá o dia que pintamos a sala de consulta dos meninos no Centro de Saúde de Moçambique.
Formamos una equipa pequena, a equipa de cinco mulheres: Bea, Delfina, Odete Fátima e eu, que pelo milagre do trabalho em equipa convertemo-nos em todo um “exército de pintoras”, cujas armas consistiram em seis latas de pintura, uns quantos pinceis e muitíssima ilusão.
Cinco mulheres de quatro nacionalidades diferentes: moçambicana, chilena, timorense e espanhola que falamos uma só língua, o idioma do carinho e da solidariedade com nossa gente mais pequena.
Quisemos por um pouco de cor na consulta, mas não de qualquer cor, senão um muito especial a cor da esperança (como disse o título da famosa canção).
Sem provas nem ensaios prévios, pusemos- nas mãos à obra com a completa seguridade de que ia a sair algo muito belo. Não poderia ser de outra maneira porque a ilusão era tanta que punha alas nas nossas mãos.
Um elefante, uma girafa, um macaco, um leão, um crocodilo e um hipopótamo foram as nossas personagens escolhidas para dar vida e alegria a esta sala na que tantos miúdos são atendidos diariamente.
E assim, depois de dez horas de trabalho, uma selva cheia de vida e de sorrisas apareceu nas paredes da sala.
Dez horas que nos deixaram estafadas mas também nos deixaram a satisfação e o sabor especial das coisas feitas por pura gratuidade.
Raquel Gil (Missionaria Dominicana em Moçambique)