Peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima de Namaacha. Maputo

Junho 29, 2013

“ Peregrinar não é simplesmente caminhar na direcção de um determinado lugar, mas fazê-lo movido por algo muito importante, determinante para a vida do peregrino. Isto sim caracteriza a peregrinação. Alguns realizam este acto buscando o próprio sentido de sua existência, como uma viagem interior; outros para encontrar-se com jovens  que partilham a mesma fé… E todos buscam um encontro pessoal com Jesus Cristo”

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Como Paróquia lançou-se um aviso para a peregrinação anual ao Santuário de N. Sra. de Fátima de Namaacha. Os jovens iam deixando os nomes, depois de ser um grupo de 18 avisou- se  que haveria uma preparação física para todos aqueles que quisesse ir a pé ao Santuário, uma vez por semana na Paróquia. Essa preparação consistia em fazer ginásticas, corridas de resistências, e caminhar com uma mochila e um plástico dentro da mochila com área 10 porcento do seu peso nas costas, lá treinamos durante um mês.

No domingo do dia 5-5-013 tivemos uma preparação espiritual que nos falavam do sentido do verdadeiro peregrino, o seu objectivo, e o sentido profundo da peregrinação. Esta preparação física e espiritual ajudou nos bastante a mantermos o nosso físico, e chamou nos a grande responsabilidade de tomar consciência no que íamos realizar.

Como sabemos o ambiente que vivemos com os jovens não é fácil manter o silêncio para interiorizar o que Deus nos fala no nosso coração. Assim que com estas preparações conseguimos realizar o nosso objectivo.   

Chegado o dia da nossa partida, no dia 9 de Maio de 2013 numa quinta-feira pelas 18 e 30minutos todos peregrinos participamos na missa e adoração, no fim o nosso pároco deu nos a bênção e partimos para o local de encontro com outros peregrinos de outras paróquias e comunidades.

 Por volta de 22 horas e 47 minutos dêmos início a nossa caminhada. Pelo caminho rezávamos o terço e cantávamos e cada um de nós criava em si um diálogo com a nossa mãe Maria, a ela dirigíamos as nossas orações, o nosso arrependimento, as nossas preces, as nossas promessas e o nosso agradecimento.        

Foi um momento muito sereno e significante e marcava cada um de nós onde passávamos ou caminhávamos envolvidos de escuridão daquela noite tranquilos como veado em busca de água viva e fresca. Lá chegamos na nossa primeira paragem em Boane as 1:40 minutos, encontramos a paróquia aberta cheio de gente a nossa espera e outros peregrinos que iam chegando. Estavam duas mesas e dois livros, um livro em cada mesa onde éramos obrigados a assinar cada pessoa o seu nome, a sua paróquia e a hora de chegada, depois da assinatura descansamos meia hora. Cada passo que dávamos encontrava mais peregrinos de idades diferentes, isso nos enchia de coragem e animo de continuar com a marcha procurando ansiosamente a misericórdia de nossa mãe Maria.

Cansadas e de mãos vazias não desfalecíamos porque o desejo de alcançar a bondade de Maria era enorme, nos nossos corações. Foi um momento muito impressionante onde por um piscar de olho ganhávamos a alegria de compreender o sentido profundo da vida de um peregrino.

A segunda paragem foi em Mafuane onde descansamos também 30 minutos chegamos as 7e 50 minutos, nesta paragem de Mafuane encontramos umas mamãs pobres, simpáticas e simples com suas panelas no fogo com água a prepararem o chá para oferecer-nos com muito gosto e carinho. Somente tinham água quente com açúcar cada qual desarriscava-se do pão para acompanhar com o chá. Louvamos a ideia das mulheres porque ofereceram o que podiam.

Depois dum chá muito quente oferecida pelas mamãs revitalizamos as nossas forças e combatemos o frio que tanto nos areava. Num clima de oração e agradecimento continuamos com a nossa caminhada, o interessante neste momento procurávamos estar sempre juntos, sabíamos esperar-nos e fazíamos esforço de nos ajudar uns aos outros com o ideal de chegarmos todos juntos.

Por algum momentos o cansaço nos envolvia mas ninguém se importava porque a certeza de que no fim daquela caminhada as nossas tristezas hão-de transformar-se em alegria, a nossa solidão em profunda comunhão com Deus já era a razão para continuarmos firmes, mesmo dominados pelo cansaço.

Chegamos a Impaputo que foi a nossa terceira paragem, aqui não descansamos muito, foi somente para reconhecer que era uma das paragens, bebemos água e avançamos. Ao longo da caminhada encontramos um padre diocesano do Maputo que estava a peregrinar mas já não podia mais ficou a espera para ser socorrido. Como não havia carros para socorrer aquela hora optou por ficar até ao final do dia que começava a circular os carros para apoiar e socorrer os que não podiam continuar.

As pessoas com experiências, que conheciam as distâncias diziam-nos que a verdadeira peregrinação começaria na próxima paragem de Mandevo onde começam subidas e descidas e todos anseavamos chegar nesta bendita paragem para vermos em quem consistia a caminhada desde ai ao santuário.

Chegados a paragem de Mandevo, eram 12:30 minutos, comemos e descansamos durante uma hora de tempo vinham carros de Namaacha trazendo-nos água para matarmos a nossa sede, também estava um grupo de mamãs que nos servia leite e chá com pão. Aqui o lanche era mais sofisticado em comparação com o primeiro grupo de mamãs. Agradecemos o sentido da hospitalidade e o carinho com que nos serviam.

Depois de revitalizarmos as nossas forças seguimos então a verdadeira peregrinação que consistia em subidas e descidas, aqui a atitude dos peregrinos mudou totalmente ninguém já esperava pelos outros, não havia oração em comum, o cansaço dominava a todos cada qual caminhava segundo as suas forças os mais fortes ficavam muito afrente os médios no meio e os que não podiam com a  marcha ficavam muito atrás esperando socorro.

A ansiedade maior era de chegar para descansar, de modo que o grupo se dividia em três subgrupos.

A distância da última paragem para o santuário era maior com aquelas subidas e descidas caminhávamos até dizer basta, nunca mais chegávamos. Passado muito tempo a caminhar, quando chegamos ao santuário parecia estarmos envolvidas de uma profunda e incomparável sensação de alegria e vitória, até que muitos choravam de emoção sentiam-se incapazes de chegar.

Lá encontramos umas mamãs com panelas grandes de água quente para nos fazer a massagem dos pés, depois da massagem dirigíamos para outra segunda sala onde estão agentes da cruz vermelha e pessoal de saúde que procedia o mesmo com o bálsamo e outros fármacos toadas as articulações para relaxar e conseguirmos dormir. No fim desse tratamento nos brindavam com um pranto  de sopa muito suculento. Este foi o decorrer da nossa peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Namaacha.

Ir. Olinda e Zândia 

Comunidade de Mahotas

Maputo aos 23 de maio de 2013