Participação no Encontro de DVI

Abril 29, 2012

Quando recebi, há uns bons meses atrás, o Convite para participar no Encontro Mundial do DVI = Voluntariado Dominicano Internacional, que teve lugar em Roma,  de 20 a 25 de Outubro, como representante das “Comunidades de envio”, senti uma alegria imensa, porque não o esperava. Uma Irmã nossa, a Txaro, do Congo, representou as “Comunidades de acolhimento” e  5 Jovens representaram os ex-Voluntários.

O desejado dia 20 de Outubro chegou e a Manuela Fonseca, ex-Voluntária nossa e eu, fizemos a viagem, até Roma, mais concretamente até ao Convento de Santa Sabina.

 

Logo que nos encontramos e nos apresentamos, dei-me conta que a nossa Congregação estava muito presente, pois as Comunidades eram representadas por duas de nós e das 6 ex-Voluntárias convidadas, três tinham feito o Voluntariado connosco: uma em Timor, e duas no Peru, em Sepahua. A Sister Rose Ann, Coordenadora Geral do DVI, justificou este dado, dizendo que a nossa Congregação é a que mais tem colaborado com este Projecto da Família Dominicana. Esta constatação e justificação foi, como é óbvio, um enorme motivo de alegria para mim!

No dia 21, antes de começarem os trabalhos, participei na Eucaristia comunitária, na Basílica de Santa Sabina, concelebrada por mais de 30 Frades. Era a Eucaristia diária, habitual, mas impressionou-me a forma como estava bem preparada, e a expressão de fé e de recolhimento da maioria dos Frades.

Os trabalhos da manhã começaram com a apresentação dos participantes no Encontro, estando presentes também alguns dos membros que formam a Direcção – a que está a terminar o seu serviço e a nova que o vai assumir – e foi muito interessante ouvir as experiências dos ex-Voluntários. Quase todos afirmaram que a mesma tinha mudado as suas vidas.

A nacionalidade dos presentes era: Filipinas (2), Portugal, Inglaterra, Peru, Colômbia e os Países onde realizaram a Missão foram: Peru (3), Filipinas, Indonésia e Timor Leste.

Ainda de manhã, o Sócio do Mestre Geral para a vida Apostólica, apresentou-nos, de modo muito interessante e criativo, o organigrama do Governo Geral da Ordem e fizemos uma visita conduzida pelo Fr. Carlos Rodríguez, à Basílica e ao Convento de Santa Sabina. Que interessante e que riqueza histórica, arqueológica e dominicana…A sua construção data do séc. V e já está construída sobre ruínas…Foi doada à Ordem, no séc. XII…Os sinais da presença de S. Domingos, são constantes e, alguns, muito vivos. Gostei muito de ver a parte da Cúria Geral e de visitar os Gabinetes dos diferentes Serviços da Ordem. Quando entramos no do Postulador para a causa dos Santos, deparámos logo com o nome de Ascensão Nicol, indicando o lugar onde estava o seu processo. Ao perguntar como estava o de Mons. Zubieta, o Postulador disse-me que agora estava a ir bem, porque há uns dias atrás tinha recebido um documento importante que faltava. Como eu fiquei contente com esta resposta!… Claro que os outros também perguntaram pelos “seus” santos, ou do seu país, ou da sua família religiosa. Se não estou enganada, o Postulador disse-nos que tinha uns 163 processos de candidatos a santos/as dominicanas/os, em mão.

De tarde percorremos a pé uma boa parte da cidade de Roma! Que cansaço! Mas valeu a pena!

Dia 22 foi muito interessante a reflexão que a Sister Rose Ann  orientou e foi baseada na imagem do icebergue,  para nos dizer que o Voluntário, para compreender e buscar a profundidade na sua missão, tem que esquadrinhar aquilo que está submerso e que é a base da cultura, da maneira de ser de um povo e das suas necessidades. Cada ex-Voluntário foi convidado a partilhar alguns aspectos mais marcantes da sua missão.

A manhã terminou com a Eucaristia celebrada na cela de S. Domingos e no final da mesma o Fr. Bruno, Mestre Geral da Ordem, falou ao Grupo. Disse, com a simplicidade e profundidade que o caracteriza, várias coisas importantes, mas eu destaco a seguinte: “A nossa Ordem, é a Ordem da Incarnação”.
 
À tarde teve lugar o “Saloto”, um Encontro com pessoas das várias Comunidades e Fraternidades Dominicanas de Roma, durante o qual os que estávamos a participar neste Encontro partilhamos as nossas experiências relativas ao Voluntariado Missionário, seguindo-se um diálogo bem interessante.

No dia 23 pela manhã, a Sister Rose Ann apresentou o Relatório relativo aos 5 anos e meio em que esteve à frente do DVI, o que foi de veras interessante. Chamou-me, sobretudo, a atenção, o facto de ela ter dito que uma das coisas mais difíceis com que teve que lidar, foi encontrar Comunidades Dominicanas para acolher os jovens candidatos a Voluntários. Mostrou-nos, também, o abundante e muito útil material que se foi produzindo ao longo dos últimos anos, o que é uma preciosa ajuda a todos os níveis.

Num segundo momento tratamos de projectar o futuro de DVI e todos os participantes partilhamos com interesse e compromisso as nossas propostas e sugestões, as quais foram, sobretudo, na linha da divulgação do DVI, e da formação dos Voluntários e das Comunidades de envio e de acolhimento.

A tarde foi orientada pelo Fr. Brian OP, Promotor das Monjas e o tema da sua reflexão era “A Família Dominicana junta na Missão”. Sincera e literalmente ficamos todos extasiados com o conteúdo da sua mensagem, com o brilho e a luz dos seus olhos e do seu rosto, com o entusiasmo, simplicidade, criatividade, liberdade e alegria da sua comunicação e com o sentido contemplativo que se respirava. No final do dia ouvia-se: “hoje foi um dia muito especial”! “Hoje foi o dia melhor”.
O Fr. Brian é dos USA, foi Missionário na América Latina, e participou no jejum do protesto público, durante 30 dias, que a Família Dominicana desse País organizou para protestar e impedir a invasão do Iraque, por parte do Bush e que contou também com o apoio e presença, durante uns dias, dos Mestres Gerais da Ordem Fr. Timothy e Fr. Carlos.
Roma 20-24Out19.JPG
Dia 24, tivemos a sorte grande de um Frade Dominicano ter conseguido bilhetes para podermos entrar e estar num óptimo lugar, sentados, na Basílica de S. Pedro e assim participar na Eucaristia solene do encerramento do Sínodo dos Bispos das Igrejas Orientais, presidida pelo Papa Bento XVI. Foi uma celebração linda e com um sabor profundo de universalidade.

À tarde foi de FESTA, para celebrar os 10 anos do DVI. O Fr. David OP, dos Estados Unidos, Sócio do Mestre Geral para os Leigos Dominicanos e um excelente cozinheiro, preparou-nos um banquete que foi comido num terraço do Convento, chamado Belvedere, do qual se avista a cidade de Roma, duma maneira  linda, linda. Contaram-nos que o Papa João XXIII tinha subido aquele sítio e tinha dito que aquela era a vista mais bonita da cidade. Depois, a brincar disse: “ e é verdade porque o digo eu e eu falo com infabilidade!!! O Mestre Geral também se juntou a nós nesta festa, o que nos deu muita alegria. Não faltou o bolo de anos e o cântico dos Parabéns em várias línguas.
O dia terminou com uma oração e com a partilha do que tinha sido para nós este Encontro e foi mais um dos momentos muito bons…

Depois destas vivências intensas, as despedidas custam, mas a vida tem que continuar…

ALGUMAS NOTAS  FINAIS:

.Como era habitual e prática da Sister Rose Ann, desde que a conheci, também este Encontro foi preparado com muito cuidado, eficiência, carinho e entusiasmo. MUITO OBRIGADO!

.Os ex-Voluntários convidados a participar neste Encontro eram pessoas de muita qualidade, a todos os níveis,  gente que tem consciência do seu lugar na Igreja e que luta por conquistar e dignificar esse lugar, mesmo à custa de lágrimas e de sacrifício. A nossa Irmã Txaro dizia-me: “onde chegaremos com gente assim?!. Para nós, Irmãs, é um grande desafio!”.

.Foi muito bonito e muito importante para todos nós a atitude de acolhimento e simpatia da maioria dos Frades, mas o testemunho excepcional dos que participaram mais nos nossos trabalhos – todos eles membros do Conselho Geral – ultrapassou tudo o que se podia esperar. Que gozo foi saber que temos Irmãos assim e que gozo foi podermos experimentar, bem profundamente, o que é ser Família Dominicana!

. Percebi que o DVI é, sem dúvida, um excelente DOM do Espírito e um excelente meio que muito pode ajudar a revitalizar as nossas Comunidades, a nossa Família Dominicana, a Nossa Igreja e a Missão.

.Dou muitas graças a Deus, ao DVI, à Sister Rose Ann, à Província e Comunidade, por ter sido possível participar neste Encontro. Além do que já partilhei, possibilitou, ainda, o reencontrar-me com a nossa Irmã Txaro, cuja presença no Encontro foi, sem dúvida uma mais valia, e pude ver bastantes coisas de Roma, que geralmente não se vêem.

Não me posso esquecer do que Jesus disse: “ a quem muito se dá, muito se lhe pede” e isto é a parte menos fácil!

Ir. Deolinda