MOÇAMBIQUE: SABOREANDO A VISITA DO PAPA FRANCISCO

Setembro 11, 2019

Que dizer da Visita do nosso Papa Francisco a Moçambique, nos dias 4,5 e 6 do corrente mês de Setembro? É difícil expressar os sentimentos que me e nos habitam.

O primeiro que brota do coração é o de uma enorme gratidão a Deus porque na simplicidade, proximidade e espírito profético do Papa Francisco, todos nos sentimos verdadeiramente visitados por Deus. Digo todos e todas porque, como dizia espontaneamente uma jovem à saída do Pavilhão de Maxaquene onde se encontrou com os jovens de todas as religiões: “Eu não sou católica, mas eu vim para ouvir a mensagem do Papa porque ele não é católico, é de todos nós”. Pode parecer uma heresia, mas foi este o sentimento que a sua visita, as suas mensagens e a sua presença deixou no coração de todos. Realmente ele foi esperado, desejado e acolhido de coração aberto, há muito tempo. Era só ver a massa humana que o esperava horas e horas através das ruas de Maputo onde ele ia passar…

Quando passava, a emoção tomava conta de todos, aclamando-o como aquele que vinha em Nome de Jesus. Nesta espera posso partilhar que, no lugar onde me encontrava quase já no trajecto final junto da Nunciatura, centenas de mamãs do Apostolado de Oração, o esperaram cantando e dançando desde as 14 até às 19horas em que ele chegou junto de nós! Era indescritível a alegria e a fé que aquelas mamãs, gastas pela vida dura, manifestavam com o coração a transbordar de felicidade e júbilo.

Querendo dizer uma palavra sobre as diferentes Mensagens, é que todas aqueciam o coração: falava à realidade concreta do povo, aos seus anseios e dificuldades de uma forma simples e clara que todos podiam entender (num bom e claro português!), não esquecendo a profundidade das interpelações que lançou aos diferentes grupos- políticos, jovens inter- religiosos, sacerdotes, religiosas e religiosos, assim como aos milhares de cristãos na grande celebração do Pavilhão do Zimpeto, o maior de Maputo.

O seu lema: ESPERANÇA-PAZ-RECONCILIAÇÃO foi transversal a todos os discursos. A todos vincou que a reconciliação é o caminho para a paz, mas que esta não se constrói sem justiça, sem que todos os moçambicanos e moçambicanas tenham oportunidades iguais, tenham a possibilidade de usufruir das riquezas imensas do seu País. Que é um escândalo que um país tão rico tenha tantos dos seus filhos a viver abaixo do nível da pobreza.

Falou aos que ainda sofrem as consequências dos dois ciclones e deixou para eles palavras de conforto, amor e esperança. Realçou igualmente a necessidade do perdão e da reconciliação tão indispensáveis, após os longos anos de guerra entre irmãos e da situação actual tão preocupante que afecta aos irmãos da Província de Cabo Delgado que faz perigar os Acordos de Paz em curso.

A sua mensagem próxima, calorosa, conhecedora da nossa realidade, tocava o coração de todos…Sentiam que ele entendia as suas feridas, que as fazia suas, e que as queria sarar, como Jesus fazia no seu tempo. Foi realmente o testemunho verdadeiro do Bom Pastor que ama e cuida das suas ovelhas.

E sobretudo aos jovens, mas não só, apelou a que não deixem perder a Esperança! Que lutem pelos seus sonhos, que será promissor se souberem dar-se as mãos: “Jovens vocês são importantes…Vocês são a alegria do presente e a esperança do futuro. Não se deixem influenciar pelos que vos queiram roubar a esperança…mas sejam humildes, não deixem de ouvir a experiência dos mais velhos. A experiência de todos é importante e fundamental para a construção do vosso País”.

Foi realmente uma mensagem de esperança e compromisso com a Paz, com a Reconciliação que passa pelo perdão aos que nos deixaram feridas profundas. O amor do cristão tem a sua fonte e a sua medida em Jesus que amou até ao fim, que perdoou aos seus inimigos…

Agora nos cabe a nós, aos que temos a missão de ser “pastores com cheiro das ovelhas”, (como ele diz na sua carta “A Alegria do Evangelho”), de a fazer nossa, para depois descobrir com todos os cristãos, os caminhos para a ajudar a dar frutos na nossa Igreja e povo moçambicano.

Que nada desta semente, portadora de tanto amor e esperança, se perca, antes dê fruto a cem por um!

VIVA O PAPA FRANCISCO, VIVA VIVA! (canto gritado desde que chegou até à sua despedida!!!).