Acolhemos com gratidão o privilégio que supõe a realização deste curso de preparação para os votos perpétuos, vivendo juntas as juniores de expressão portuguesa em Moçambique. É uma experiencia enriquecedora sentirmos unidas e aprender desde a nossa diversidade. Experimentamos com alegria a pertença à mesma família, embora somos de origens diferentes: Angola, Timor e Moçambique.
Conhecer-nos melhor para melhor nos amarmos
Para reforçar este sentido de pertença começamos a nossa caminhada com um primeiro tempo de integração de grupo. Nesta fase aprofundamos o conhecimento mútuo através da identificação de nossas expectativas, esperanças, medos e sentimentos. Foi positivo o partilhar com sinceridade e simplicidade porque nos aproximou e reforçou os laços de amizade e fraternidade.
Fizemos a integração não só no grupo mas também na comunidade de acolhimento no seu ritmo diário de vida comunitária. Durante este tempo a irmã Raquel, Odete, Inês e Milha, nos acompanharam e nos ajudaram a por as bases para caminhar com passo firme até ao final do curso
Não queremos deixar de referir que a Ir. Inês, além de partilhar connosco a realidade de Moçambique, também nos deu aulas de português durante três semanas para melhorar a expressão portuguesa das juniores timorenses.
Uma das actividades que nos foram propostas foi a de tecer uma tapeçaria como grupo, todas juntas, e no processo da elaboração aceitar mutuamente as capacidades e habilidades de cada uma para cultivar nossa vivência comunitária. Com resultado temos bordado um tapiz, como se vê na fotografia, do “CVPV 2012”. Na nossa reflexão descobrimos que para melhorar a qualidade de vida comunitária cada uma tem que ser instrumento de alegria, unidade, atenção, diálogo e amor recíproco.
Depois de partilharmos a realidade de cada um dos países de onde procedemos, fizemos uma festa cultural apresentando as nossas danas e cantos tradicionais. Finalmente a Ir. Raquel explicou-nos o significado da reestruturação, o caminho e processo que estamos fazendo como Congregação. Aprendemos que a meta deste processo é entrar na mística da espiritualidade da encarnação. Vivendo a vida fraterna e a missão profética, marcaremos uma diferença porque acreditamos que outro mundo é possível. Isto deve estar claro para nós porque é a nossa identidade de MDR
Começando a constructo pela base
Com a chegada da irmã Irene Diaz MDR, começamos no dia 25 de Setembro o estudo
Do primeiro módulo relacionado com o tema sobre “a pessoa”. Reflectimos sobre os diferentes níveis da consciência da pessoa desde o seu nascimento até a plenitude humana e crista. Todas descobrimos que na nossa etapa concreta o nível pessoal era o que mais nos dizia respeito, por ser aquele em que se vivei já em maturidade humana, com capacidade relacional sadia, com aceitação das potencialidades próprias e alheias e com sentido comunitário.
Com a Irmã Irene fomos mais longe na descoberta de nós mesmas. Vimos como é bom vivermos como irmãs em perfeita harmonia relacional, aceitando-nos mutuamente tendo a Cristo como orientador de vida e mediador dos nossos conflitos.
Atenção especial foi dada em relação a nossa maneira de resolução de conflitos atribuindo-lhe um nome, e envolvendo as pessoas implicadas em busca de consenso, sem alaridos nem culpabilidades. Em situações que nos ultrapassem, socorrer-nos de um mediador válido e de confiança que nos ajude a dirimir os conflitos é sempre bom, sendo preferencialmente uma irmã da congregação.
De realçar que ao longo destes dias, não ficaram de fora os momentos de distensão, com passeios a lugares históricos, locais turísticos, a embaixada de Timor – Lestes e lugares importantes da cidade de Maputo.
Não podemos descurar os espaços de ginástica matinal o famoso “xibaxi” ao som rítmico da música orientado pela nossa irmã Mila a quem agradecemos imenso pois a ginástica tem contribuído para a nossa boa disposição. Kanimambo irmã Mila!
O nosso encontro de formação também envolve actividades pastorais, partilhamos a nossa fé em diferentes comunidades cristãs onde cada uma com alegria e gozo dispõe do que tem.
O Dia mundial das missões foi vivido com muita euforia, saímos duas a duas distribuídas pelas comunidades cristãs dando o nosso testemunho missionário, convidando também a quem se sentisse interpelado por Cristo a não ter medo de o seguir.
A festa de Nossa Senhora do Rosário, foi celebrada com muita alegria, antecedida do triduo. Sábado dia 6 de Outubro tivemos uma celebração eucarística em alusão a data onde os cânticos multiculturais, dos países de onde somos provenientes fizeram o colorido da festa com a participação das duas comunidades, da cidade de Maputo e das Mahotas.
A festa não terminou por aí, domingo com o núcleo (pequena comunidade formada pelas família da paróquia que vivem mais próximas entre si) denominado Nossa Senhora do Rosário, também festejamos entre comes e bebes, não faltando, teatros e a condimentar a boa música moçambicana.
Em ambiente natural acolhedor e recolhido, ao chilrear dos pássaros e a contemplação aprazível de um recanto paradisíaco, onde predominava, o verde do campo, e beleza das flores encerramos os nossos dias de encontro e reflexão sobre o conhecimento pessoal, com um retiro, cujo cerne se baseou no episódio dos discípulos de Emaús. Aqui cada uma a sós, se confrontou com Jesus como companheiro de caminhada.
Terminamos estes primeiros dias da nossa formação, avaliando tudo aquilo que a mesma envolveu, entre os benefícios e os desafios que surgem, ficou a certeza de que tudo foi bom!
Fica a responsabilidade de cada uma de nós, fiando-nos é claro na graça de Deus para pormos em prática tudo quanto vamos aprendendo.
Agradecemos a Deus e a nossa Congregação de modo particular a Vigararia Nossa Senhora da Anunciação que nos acolheu e que nos proporciona momentos de formação e de interioridade que nos vão ajudar de forma mais cristã, mais religiosa e mais humana a vivermos a nossa vocação e missão, como Missionárias Dominicanas do Rosário.
Carinhosamente às juniores: Fátima Pui, Juleca, Fátima Sequeira, Antónia Delfina e Fernanda.
Maputo, Moçambique, Outubro de 2012