De Moçambique a Timor ao encontro de outra cultura

Março 17, 2016

Quando estamos num ambiente habitual, numa realidade conhecida, entre os nossos, e comunicando-nos com facilidade na nossa língua materna ou aprendida, parece que a vida é mais fácil. Mas existe outra realidade em que muitos já experimentaram e que agora, toca a mim experimenta-la. Onde não somos capazes de comunicar nem de perceber a comunicação, por não conhecer a língua.  

 

É uma experiencia rica, cheia de surpresas e novidades. Por outro lado trata-se de uma experiencia exigente e desafiante. Notam-se as diferenças na maneira de ser, de pensar, de fazer as coisas e na alimentação. Apesar destas diferenças notadas, neste povo Maubere, descobri grandes valores parecidos com os do meu povo; a solidariedade, a simplicidade, o acolhimento são bem notáveis. 

 O povo timorense tem como Lema: “ajuda malu” que quer dizer, ajuda sempre o outro. Nesta zona montanhosa chamada Salau-Soibada, ainda descobri outras realidades. As pessoas são muito unidas, os novos membros devem ser apresentados o mais rápido possível e tem que ser conhecida a razão da sua chegada á montanha. Ninguém deve ser diferente e nem sobressair. A vida na montanha, tende a ser uniforme:” Com todos, como todos e quando todos”.   Ser diferente constitui um risco para a vida. Na montanha não há pressas, tudo é lento. Por outro lado as subidas e descidas nas montanhas são cansativas.  

Com muita facilidade fazem festas e convívios. O mais importante para festa é ter arroz, as carnes, aguardente e sura. Na montanha a energia elétrica é gratuita, as famílias têm televisão,

que quase sempre fica fechada, porque para eles as noticias de fora não interessa muito, o que interessa mais, são os acontecimentos diários da montanha. 

No meu “primeiro” Natal na montanha descobri novas realidades. Aqui não há agitação de fazer as compras nem de vender, não existem lojas nem mercados. Tudo se oferece ou então apodrece. Só os homens se preocupam para ir à caça, para trazer todo o tipo de animais que  conseguem apanhar.

As mulheres e crianças preparam a lenha. E os jovens preocupam-se em fazer presépios. Todas a famílias fazem presépios em frente de casa. Estes presépios são avaliados e o melhor presépio ganha prémio. O Natal é vivido como festa de uma única família.

Rezam, comem e bebem juntos depois seguem as danças tradicionais onde usam roupas típicas da região.

 Na verdade esta cultura tem muito a dizer-nos e a ensinar-nos. Um grande abraço. 

Ir. Angelica Amaral

(desde Timor)